A disciplina da Igreja em não admitir vida matrimonial aos seus Presbíteros, não é assunto evidente. Sua compreensão não é fácil. Jesus, ao aconselhar essa prática, (num contexto de fidelidade conjugal), já advertiu que nem todos compreenderiam: “Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido” (Mt 19, 11). E fica estabelecido desde já que católicos, que não manifestam sintonia com essa praxe eclesial, não deixam de ser católicos. Pelo simples fato de o costume ter sido introduzido pela Igreja, e não ser artigo de fé. Mas ser simplesmente contra o celibato, seria falta de delicadeza para com Jesus, que estimulou o não-casamento, por causa do Reino dos céus. Seria querer corrigir o Cristo. Além de estimular o clero a não ser fiel...
É um ensinamento permanente da comunidade eclesial que o celibato é sumamente conveniente ao ministério sagrado. As duas realidades se chamam, uma à outra. Ademais, desde a mais remota antiguidade cristã se fala da fecundidade pastoral de quem entregou toda a sua vida por Cristo (S. Paulo, S.Ambrósio, S.Agostinho, os mestres de espiritualidade, os Concílios, os Papas). Por essa razão já o Sínodo de Elvira (Granada), no começo do século IV, prescreveu a praxe celibatária. Posteriormente, além de inúmeras outras regulamentações, o Concílio de Trento confirmou tal atitude. Portanto, o que muitos reivindicam -a livre escolha entre ser Sacerdote celibatário ou casado – já existiu por vários séculos na Igreja, e os seus próprios membros é que chegaram à conclusão de que o celibato deveria ser exigido e não só proposto. No Vaticano II os Bispos poderiam ter mudado essa disciplina. Mas não. Encorajados pelos Bispos das Igrejas Orientais Católicas, cujo clero não é célibe, mantiveram e estimularam a prática. Nos meus quase 28 anos de Bispo, vi grandes Padres, Sacerdotes fiéis e generosos. E fico triste ao ver o silêncio da opinião pública sobre a maioria desses santos Ministros. Ao contrário, quando algum deles erra, tudo é esquadrinhado com lupa, com holofotes e alto-falantes. Sou a favor do celibato, bem motivado, livremente escolhido e bem formado. Porque, na verdade, a família do Padre é alegre, fecunda, e séria. Satisfaz seu coração. Trata-se da comunidade dos fiéis. Você já rezou pelos Padres?